É em tempos como este que as palavras escassam, as frases se tornam cada vez menos e os nossos sentimentos mais difíceis de exprimir num mero texto.  Eu vou-te contar uma coisa: eu não te vou contar nada. Não, não é falta de confiança, simplesmente me tornei meramente incapaz de o fazer. Houve uma altura, e não assim há muito tempo, que quando me perguntavam o que tinha eu era capaz de dizer, de falar sobre isso, de desabafar ou como lhe queiras chamar. Hoje? Tornou-se mais fácil dizer que não se passa nada e tentar por o sorriso mais falso de sempre no rosto tentando, a todo o custo, que ele pareça o mais verdadeiro e sincero. Sinceramente? Já nem consigo escrever. Não, não é falta de vontade não, essa continua grande como sempre, apenas acho que nem eu mesma sei o que sinto em 99% de todos os momentos da minha vida. Sabes, eu antes costumava sorrir apenas por ser dos gestos mais belos, mas hoje preciso de uma razão e um motivo para tal. Por isso, quando te disser que não tenho nada, isso na verdade é pura mentira no geral. E não, por mais que insistas não vou contar, se eu quiser, eu falo. Mas, sabes uma coisa mais bonita ainda? Quando eu sorrir, como tenho feito todos os dias da minha vida porque são poucos os que conhecem as minhas lágrimas, e tu me perguntares o que se passa aí sim, podes abraçar-me, com toda a tua força, dar-me um daqueles abraços que me esmagam e tiram a respiração durante a sua duração, porque serás a primeira pessoa a ver para além de mim e, não sendo hipócrita, do meu fingimento.